Ascensão de Marçal sobre Nunes testa fidelidade da direita a Bolsonaro
- Reinaldo Stachiw
- 23 de ago. de 2024
- 3 min de leitura
O crescimento de Pablo Marçal nas pesquisas para a Prefeitura de São Paulo está desafiando a fidelidade dos eleitores de direita ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que apoia a reeleição do atual prefeito Ricardo Nunes. Marçal, que se apresenta como o verdadeiro representante do bolsonarismo, ultrapassou Nunes nas intenções de voto, gerando preocupação na campanha do prefeito. Bolsonaro, embora inicialmente tenha elogiado Marçal, agora se posiciona firmemente ao lado de Nunes, buscando evitar que eleitores conservadores migrem para o influencer, o que torna essa eleição um teste crucial para a lealdade dos bolsonaristas.

Desde quando iniciou sua pré-campanha, Marçal tem se apresentado como o legítimo representante do bolsonarismo na eleição da maior cidade do país, apesar da aliança feita por Bolsonaro, que indicou o vice na chapa do emedebista.
Agora, diante da ameaça concreta do influencer, que cresceu sete pontos percentuais em duas semanas na pesquisa Datafolha, ultrapassando Nunes, a campanha do prefeito aposta na influência de Bolsonaro sobre o eleitorado conservador para tentar conter a ascensão de Marçal.
O ex-coach tem se vendido como um “outsider” na política, que luta contra o “sistema”, e concorre por um partido pequeno, assim como Bolsonaro há seis anos, quando disputou — e venceu — a eleição presidencial. Além disso, Marçal tem explorado com êxito a mesma linguagem de sucesso nas redes sociais usada pelo ex-presidente na campanha de 2018.
Na campanha em São Paulo deste ano, contudo, Bolsonaro é um representante do “establishment”, e embarcou com o presidente do seu partido, Valdemar Costa Neto, na coligação de 12 legendas que apoiam a reeleição de Nunes, alegando uma aliança estratégica para derrotar a esquerda, representada pelo deputado federal Guilherme Boulos (PSol), candidato apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A pesquisa Datafolha divulgada nessa quinta-feira (22/8) trouxe Boulos em primeiro, com 23% das intenções de voto, mas o grande destaque foi a subida de Marçal, que passou de 14% para 21% no intervalo de duas semanas, enquanto Nunes caiu de 23% para 19%.
Marçal vinha explorando a proximidade com Bolsonaro para tentar fisgar o eleitorado de direita na capital. Na semana passada, um elogio do ex-presidente ao influencer turbinou essa estratégia, levando Nunes e seu vice, Coronel Mello Araújo (PL), indicado por Bolsonaro, a pedirem ajuda ao ex-presidente para desfazer essa imagem.
A pesquisa Datafolha divulgada nessa quinta-feira (22/8) trouxe Boulos em primeiro, com 23% das intenções de voto, mas o grande destaque foi a subida de Marçal, que passou de 14% para 21% no intervalo de duas semanas, enquanto Nunes caiu de 23% para 19%.
Marçal vinha explorando a proximidade com Bolsonaro para tentar fisgar o eleitorado de direita na capital. Na semana passada, um elogio do ex-presidente ao influencer turbinou essa estratégia, levando Nunes e seu vice, Coronel Mello Araújo (PL), indicado por Bolsonaro, a pedirem ajuda ao ex-presidente para desfazer essa imagem.
Naquela ocasião, Bolsonaro havia chamado Marçal de “inteligente”, que “tem suas virtudes”, em entrevista a uma rádio do Rio Grande do Norte, no último dia 15 de agosto. Na conversa, ele disse ainda que Nunes “não era o candidato dos seus sonhos”.
Na última segunda-feira (19/8), enquanto os pesquisadores do Datafolha estavam nas ruas entrevistando eleitores, Bolsonaro distribuiu um vídeo a aliados no qual defende a aliança com Nunes e pede votos ao prefeito. A gravação logo ganhou as redes e o noticiário.
Nos dias seguintes, Marçal e o clã Bolsonaro começaram a trocar farpas publicamente, com resgate de declarações antigas do influencer criticando o ex-presidente.
Nessa quinta, com a temperatura elevada, e pouco antes da divulgação do Datafolha, Bolsonaro deu uma entrevista ao colunista Paulo Cappelli, do Metrópoles, oficializando a ruptura e dizendo que Marçal “não tem caráter”.
Todos os gestos mostram que Bolsonaro decidiu entrar em campo pela reeleição de Nunes diante do crescimento de Marçal, que passou a ser visto como uma ameaça, inclusive, para o ex-presidente no futuro.
Aliados de Bolsonaro, como o ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten, afirmam que o impacto da ação do ex-presidente só poderá ser medido nas próximas pesquisas. Integrantes da campanha de Nunes também apostam que a fala dura de Bolsonaro contra Marçal impeça a migração de eleitores bolsonaristas para a candidatura do influencer.
Já a campanha de Marçal tem dito que o eleitorado de direita não seguirá a orientação de Bolsonaro na campanha paulistana, o que faz do pleito de São Paulo um grande teste de fidelidade dos eleitores conservadores ao ex-presidente.
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