Cem dias após os atos de 8/1, Brasil tem 294 presos, prejuízo milionário e um golpe a apurar
- Reinaldo Stachiw
- 17 de abr. de 2023
- 2 min de leitura
https://www.metropoles.com/ Passados cem dias dos atos de 8 de janeiro de 2023, que pediam a saída do presidente Jair Bolsonaro e a volta do voto impresso, o Brasil vive o rescaldo de uma das maiores manifestações populares da história do país. Foram 14 milhões de pessoas em mais de 300 cidades. Um recorde. E também uma grande preocupação.
Ainda que a mobilização tenha sido pacífica na maioria dos locais, em algumas, houve violência. Em São Paulo, a ação de black blocs resultou em 22 feridos, sendo dois policiais. O prejuízo material, conforme a última atualização, ultrapassa R$ 10 milhões.

Até o momento, 294 pessoas foram presas em todo o país, sendo 188 no dia dos atos e outras 106 após investigações. A maioria responde por crimes como vandalismo, depredação de patrimônio público e porte de arma branca. O número de presos é inferior aos atos de 7 de setembro, que levaram 543 pessoas para atrás das grades.
A violência, entretanto, não foi o único fator de preocupação. Na avaliação de especialistas, o que mais preocupa é a possibilidade de que tenha havido um golpe sendo orquestrado nos bastidores.
“A quantidade de pessoas é impressionante. Seja pela primeira vez ou tenham ido a outros atos antes, elas foram para as ruas. E o que se viu foi a mobilização não apenas de uma parte da população, mas de todas as classes sociais”, avaliou a cientista política Malu Gatto, doutoranda em Ciências Sociais pela Universidade de Brasília (UnB).
“Essa mobilização é legítima e faz parte do processo democrático. Entretanto, a tentativa de invasão do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF) é preocupante e evidencia um plano que está em curso”, completou.
O inquérito aberto pela Polícia Federal (PF) para investigar o planejamento dos atos de 8 de janeiro apura, entre outras coisas, se houve a participação de militares e políticos na organização dos protestos. As investigações são sigilosas, mas informações que circulam nos bastidores dão conta de que as autoridades têm encontrado indícios de que a mobilização não foi espontânea.
Entre os pontos levantados pelas autoridades, estão o fato de que a mobilização ocorreu de forma simultânea em diversas cidades do país, com um mesmo discurso, além da quantidade expressiva de pessoas que compareceram, muitas delas com cartazes e faixas padronizadas.

Para o advogado constitucionalista Fernando Neisser, a possibilidade de que tenha havido um golpe sendo orquestrado é real e precisa ser investigada.
“Temos que tomar cuidado com o que está acontecendo. A mobilização popular é um elemento fundamental da democracia, mas a história nos mostra que também pode ser uma ferramenta para enfraquecer as instituições e derrubar governos. Isso não pode ser









Comentários