Haddad vence Motta e Alcolumbre e vai manter parte da alta do IOF.
- Reinaldo Stachiw
- 9 de jun.
- 3 min de leitura
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (P T), teve uma vitória política sobre os
presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre
(União Brasil-AP), e conseguiu manter parte do decreto que estipula uma alta da cobrança
de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Além disso, o chefe da equipe econômica
vai elevar outros impostos para compensar o que não conseguir arrecadar com o IOF -e os
líderes do Congresso, que sempre declaram ser contra aumento de impostos, acabaram
concordando.

Motta e Alcolumbre haviam feito um ultimato e dado 10 dias para Haddad revogar o
decreto do IOF, que entrou em vigor em 2 de junho de 2025. O prazo iria vencer nesta
semana, na 3a feira (10.jun). No fim de semana, Motta chegou a insinuar que iria colocar
para votar um projeto de decreto legislativo que derrubaria a medida da equipe econômica
do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (P T), dizendo que o Congresso é contra
aumento de impostos.
No final da reunião de domingo (8.jun), Motta e Alcolumbre saíram dizendo que haviam
conseguido uma vitória porque o decreto do IOF seria revisado e também porque o
governo estava de acordo com uma revisão de gastos públicos. Ocorre que houve uma
derrota política dos presidentes da Câmara e do Senado. Na prática, haverá um aumento
de impostos, ainda que menor do que o inicialmente desejado pelo Palácio do Planalto e
pelo Ministério da Fazenda.
No caso do IOF que passará a ser cobrado sobre as chamadas operações de risco sacado, a alíquota desejada pela Fazenda era de 0,98%. Haverá um corte de 80% disso, mas ainda será aplicado o imposto. Essas operações são feitas por inúmeros setores da economia para antecipar dinheiro que tem para receber de vendas a prazo -por exemplo, o
pagamento de vendas feitas com cartões de crédito. O impacto será um aumento dos
juros praticados.
Também será mantido o IOF aplicado sobre compras realizadas com cartões de crédito
internacionais. Esse tipo de operação é muito comum por parte de quem viaja para o
exterior (aí atinge a classe média e os mais ricos). Só que os mais pobres que fazem
compras de sites internacionais até US$ 50, as chamadas compras das blusinhas, também
será impactados.
Uma das medidas para compensar a redução do escopo do decreto do IOF será também
aumentar impostos em outra área. Nesse caso, a decisão foi a de aumentar o quanto antes
-ainda não se sabe quando isso vai vigorar- o imposto sobre as empresas de apostas.
Hoje, as bets pagam 12%. Passarão a pagar 18%.
O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (PT-RJ), discorda que tenha
ocorrido uma derrota do Congresso e apenas uma vitória do governo. "Hugo Motta e Davi
Alcolumbre foram vencedores nesse processo, junto com o governo democrático do
presidente Lula, porque o decreto do IOF será todo revisado em cada ponto. Foi uma
vitória política do Congresso e foi tudo feito com entendimento numa reunião de alto
nível, juntando Câmara e Senado", disse o petista.
A reunião começou por volta das 18h e encerrou por volta das 23h40. Atenderam nomes
como o líder do PSD, Antonio Brito (BA) e do União Brasil, Pedro Lucas (MA). Do lado do
governo, estiveram presentes o líder na Câmara, José Guimarães (CE) e o líder do Governo
no Senado, Jaques Wagner (PT-BA).
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