PF quer concluir em novembro inquérito que implicará Bolsonaro em tentativa de golpe de Estado
- Reinaldo Stachiw
- 15 de out. de 2024
- 2 min de leitura
BRASÍLIA (Reuters) - A Polícia Federal trabalha para concluir em novembro o inquérito que vai implicar Jair Bolsonaro na tentativa de golpe de Estado, disse à Reuters uma fonte com conhecimento direto das investigações, a última das apurações mais sensíveis sobre o ex-presidente da República.

O envolvimento de Bolsonaro na preparação da minuta golpista será reforçado, conforme a fonte, com elementos que foram colhidos a partir da análise de dados que a PF obteve em buscas e apreensões realizadas no curso das apurações, inclusive no inquérito da chamada Abin paralela, o esquema de espionagem ilegal de adversários promovida pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
A expectativa inicial era que a investigação sobre a tentativa de golpe fosse encerrada em agosto, mas ela foi postergada após a PF ter pedido o compartilhamento de provas do inquérito da Abin paralela, em que se encontrou novos elementos para instruir toda a ação engendrada por Bolsonaro e aliados para impedir no final de 2022 a posse do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo a fonte, a PF tem buscado fazer a vinculação do uso de todo o aparato do Estado pela gestão anterior para impedir tanto a assunção de Lula após a vitória eleitoral dele quanto promover o fatídico 8 de janeiro, quando um grupo de bolsonaristas partiu da frente do QG do Exército em Brasília para depredar os prédios dos Três Poderes, principalmente a sede do Supremo Tribunal Federal.
"O 8 de janeiro ainda foi o último suspiro numa tentativa do golpe. Mesmo os atores que trabalharam para a elaboração da minuta, para a efetivação do golpe que o presidente acabou não tendo coragem, eles seguiram arquitetando até acontecer o que aconteceu no dia 8 de janeiro", disse a fonte.
Novos elementos foram encontrados em telefones celulares de alvos de operação, conforme a fonte, que não pôde detalhar os achados que devem constar no relatório final que será encaminhado no próximo mês ao Supremo.
Procurada, a defesa de Bolsonaro não respondeu de imediato a um pedido de comentário. O ex-presidente e seus advogados sempre negaram envolvimento em qualquer ilegalidade.
A possibilidade de concluir essa apuração contra Bolsonaro foi noticiada primeiramente pelo G1 nesta terça-feira.
Bolsonaro já foi indiciado pela PF em outras duas investigações, o da adulteração dos cartões de vacinas de Covid-19 e o da apropriação de joias recebidas do governo saudita. Ao final, caberá ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, decidir se denuncia Bolsonaro e outros investigados nessas apurações ao STF.
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