Pix na mira do Fisco: pequenos comerciantes enfrentam incertezas em meio à fiscalização da Receita Federal
- Reinaldo Stachiw
- 14 de jan.
- 2 min de leitura
A ampliação do monitoramento de transações financeiras via Pix pela Receita Federal está deixando pequenos comerciantes e trabalhadores autônomos apreensivos. O governo Lula anunciou que movimentações acima de R$ 5.000 para pessoas físicas e R$ 15.000 para empresas passarão a ser fiscalizadas. Embora o objetivo seja combater as operações ilícitas, o impacto da medida trouxe incertezas ao comércio.

Muitos pequenos empresários, como Soraya Costa, de Brasília, que têm no Pix sua principal fonte de renda, demonstram preocupação com o futuro. “É tudo muito errado. Se a gente deixar de aceitar o Pix, temos que pensar em outras formas de sobreviver”, disse a vendedora.
No Rio de Janeiro, o camelô Luís Cláudio Silva relata que a confusão inicial sobre uma possível tributação intensificou os temores. “Todo mundo dizia que seria cobrado imposto. Agora dizem que não, mas a preocupação permanece”, explicou.
Volta ao dinheiro físico e adaptações
Alguns comerciantes começaram a buscar alternativas, como dar descontos para pagamentos em dinheiro ou repassar custos ao consumidor no caso do Pix. Para a optometrista ambulante Nanci Neri, uma mudança exigia que o comércio se adaptasse. “Não tem como trabalhar sem repassar isso para a população”, afirmou.
Por outro lado, o uso de dinheiro em espécie divideu opiniões. Enquanto alguns acreditam que os clientes voltarão a preferir o dinheiro, outros acham que o Pix continuará predominante, mesmo com as novas regras.
Comunicação confusa e falta de clareza
A falta de clareza sobre como a fiscalização será aplicada é outro ponto de tensão. O comerciante Adriano Bolinja destaca: “As pessoas não estão informadas direito. O governo está escasso em informações.”
O churrasqueiro Edmilson Justino Bernardino, por exemplo, expressa preocupação com o impacto na gestão financeira: “Agora tem que saber quanto movimento no Pix para declarar. Falamos no escuro, sem saber o que fazer.”
Repercussão política e impacto no governo
A crise de comunicação em torno do tema tem gerado críticas à gestão do governo Lula e motivou mudanças no comando da Secretaria de Comunicação (Secom). Apesar de ações para conter barcos nas redes sociais, como vídeos do ministro Fernando Haddad, o impacto na imagem do governo persiste, alimentando especulações sobre os desdobramentos políticos da medida.
Enquanto isso, comerciantes e consumidores seguem instruções sobre como se adaptar às novas exigências, temendo que a burocracia e o medo de fiscalizações afastem os benefícios trazidos pelo Pix nos últimos anos.









Comentários