Proximidade da China com Brasil preocupa Trump às vésperas de 'tarifaço'
- Reinaldo Stachiw
- 10 de mar.
- 2 min de leitura
O governo de Donald Trump sinaliza que a presença da China no Brasil é um elemento de preocupação e pode afetar a relação entre Washington e Brasília.
O UOL apurou que, em reuniões em Washington dentro do governo norte-americano, assim como em diálogos com Brasília, o tema tem surgido com uma força cada vez maior, inclusive por conta de o Brasil presidir neste ano o Brics (grupo de países com economias emergentes).

Na próxima quarta-feira (12), entram em vigor as tarifas norte-americanas contra o aço de todo o mundo, e o Brasil será um dos principais afetados. Os EUA alegam que os chineses usam o mercado brasileiro como entreposto para seus produtos e que, do Brasil, o aço chinês é depois reenviado aos EUA. Essa prática é conhecida como "triangulação" e tem como objetivo driblar barreiras que possam existir entre a China e o mercado norte-americano.
Assim, Trump alega que precisaria adotar tarifas de 25% para impedir que a China use o Brasil como uma espécie de trampolim para o mercado dos EUA
O Brasil rejeita a tese. Em estudo realizado pela Amcham, a Câmara de Comércio Brasil-EUA, o argumento da Casa Branca é também rebatido. "O Brasil é o 9º maior produtor mundial de aço, representando 1,8% da produção mundial, e o 8º maior produtor de alumínio primário", diz o informe.
Segundo a Amcham, o Brasil demonstra claras preocupações com práticas de comércio desleal nas importações de bens desses dois setores, visto que possui 45 medidas de defesa comercial aplicadas contra bens de aço e alumínio (ou 29,4% do total de medidas do país) -- 27 delas especificamente aplicadas contra a China
"Das importações brasileiras provenientes da China do setor de aço, 78,4% são produtos laminados de ferro e aço. Por outro lado, as vendas de produtos de aço do Brasil para os EUA são de aço semiacabado (76,3%). Desta forma, dado o nível de agregação de valor dos produtos comercializados entre Brasil e China e Brasil-EUA, é improvável que os produtos de aço importados pelo Brasil oriundos da China estejam sendo utilizados na reexportação aos EUA, conforme possibilidade aventada pela Ordem Executiva [governo Trump]", afirmou a Amcham
Alerta feito antes da eleição
Mas a sombra chinesa, de fato, tem permeado as conversas. Antes mesmo da eleição nos EUA, uma equipe do governo brasileiro se reuniu com aliados e com a base de Trump. O recado ali foi claro: Washington estava preocupado com o aumento da presença chinesa no Brasil e na America Latina.
O fluxo comercial não seria um problema, mas amplos investimentos em infraestrutura não eram aceitáveis, principalmente em portos e outros setores com o potencial de ter um uso geoestratégico. Um dos exemplos dados era o porto de Chancay, no Peru, e que recentemente passou a ser uma das apostas da China na América Latina
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