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Selic: Copom mantém taxa de juros em 10,5% pela 2ª reunião seguida

O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu nesta quarta-feira (31) pela manutenção da taxa básica de juros, Selic, em 10,5%. É a segunda reunião seguida que o colegiado do Banco Central do Brasil (Bacen) mantém a taxa Selic neste patamar. A decisão foi unânime e não houve indicação de possibilidade de alta dos juros como alguns economistas apontavam antes da reunião.

"Uma manutenção com cara de alta e efeito de corte", avalia o economista André Perfeito em análise distribuída à imprensa, apontando um comunicado com um tom duro, mas com efeitos expansionistas sobre os juros longos. "Apesar do tom extremamente cauteloso, o efeito líquido de todos os pudores monetaristas do Banco Central é expansionista. A perspectiva austera do BCB fará, necessariamente, que os juros mais longos caiam", projeta Perfeito.


O que diz o comunicado do Copom?

Embora tenha mantido o balanço de riscos igual para ambas as direções de inflação (acima e abaixo da meta), além da necessidade de manutenção de uma política monetária contracionista até que a inflação desacelere e as expectativas sejam ancoradas no centro da meta, houve novidades no comunicado atual em relação ao anterior. No cenário externo, foi acrescentada a "menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países, [...] exigindo cautela por parte de países emergentes".


A menção se refere à recente decisão do Banco do Japão, que subiu hoje de madrugada a taxa de juros para 0,25% enquanto o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) se prepara para iniciar o seu ciclo de cortes - mesmo que o Copom mencione as incertezas quanto ao início da flexibilização monetária nos EUA. Já o Banco Central Europeu já iniciou em junho os cortes, e o Banco da Inglaterra deve começar amanhã.

No cenário doméstico, as projeções do colegiado para inflação e dólar se deterioram. O dólar no cenário de referência subiu de R$ 5,30 para R$ 5,55, enquanto a projeção da inflação subiu de 4% e 3,4% para 4,2% e 3,6% em 2024 e 2025, respectivamente, com forte impactado dos preços administrados, com estimativa de alta saindo de 4,4% para 5% este ano, enquanto para 2025 se manteve em 4%. No cenário alternativo, em que a taxa Selic se mantém constante em 10,5%, a projeção do IPCA para 2024 é de 4,2% e 3,4% para 2025.


A novidade é que as estimativas de inflação para 2024 e 2025 estão no rodapé do comunicado. No meio do texto, foi inserida a projeção do IPCA para o primeiro trimestre de 2026, a qual foi estabelecida em 3,4% para o cenário de referência e 3,2% no cenário alternativo. Essa nova indicação do horizonte temporal é resultado da mudança da metodologia do regime de metas de inflação de ano-calendário para "contínua".


Em relação ao mercado de trabalho e à atividade econômica, o comunicado continua mencionando um dinamismo maior do que o esperado, com um destaque da inflação de serviço mais resiliente citada como um dos fatores do balanço de risco devido a um hiato do produto mais apertado. Na política fiscal, foi mencionada pela primeira vez a percepção dos agentes econômicos sobre as contas públicas, que influenciam os preços dos ativos e a expectativa dos agentes. Por isso, o Copom prescreveu uma política fiscal que esteja comprometida com a sustentabilidade da dívida para ancorar as expectativas de inflação e reduzir os prêmios de risco dos ativos financeiros, o que condicionaria a uma condução mais facilitada da política monetária.

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